quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ascensão dos regimes totalitários na Europa.

Em janeiro de 1995, o mundo celebrou os 50 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz pelo Exército da URSS, sob o comando do marechal Ivan Koniev. Mas o que significa relembrar Auschwitz?
O campo de concentração da Auschwitz, na Polônia, foi um dos mais fortes símbolos do nazifascismo, sistema totalitário que se manifestou na Europa entre os anos 1919 e 1945. Construído pelos alemães em 1940 com a finalidade de exterminar judeus, ciganos, homossexuais ou simplesmente opositores do regime nazista, Auschwitz representou o que de mais sórdido a humanidade pode criar.

Fascismo : origem e expansão mundial.

Destruição material, perdas humanas e mutilações, obscuridades cultural, desemprego e inflação - essa era a conjuntura européia após a Primeira Guerra Mundial. Da sociedade insatisfeita irromplam greves e revoltas, mobilizações que contestavam a ordem liberal. O terreno parecia preparado para a revolução operária. Em vez disso , desenvolveram-se movimentos antidemocráticos e próditatoriais, totalitários e semitotalitários.

"Fasci di combattimento "

Após 1918, a Itália encontrava-se numa situação crítica, apesar de pertencer ao bloco vitorioso da Primeira Guerra Mundial. O orgulho nacional sofrera humilhações nos campos de batalha: as pretensões expansionistas de antes do conflito não se haviam consolidado; o país estava mergulhado na retração econômica, com milhares de desempregados e muitas agitações sociais.
A perspectiva da estagnação econômica e o crescimento das forças operárias de esquerda fizeram com que o Partido Socialista chegasse a ter 216 mil membros em 1920. Nesse ano, a Itália assistiu a um amplo movimento de ocupação de fábricas, com a formação de Conselhos Operários nas unidades produtivas. Tudo isso apavorou a alta burguesia: o medo da revolução foi o principal motivo que levou os representantes do grande capital a descartar os partidos conservadores tradicionais e apoiar política e financeiramente os grupos de extrema-direita.
Fundado em 1921, o Partido Nacional Fascista tinha noções mais realistas quanto à conquista do poder e assumiu o "trabalho sujo" de defesa da ordem de um modo mais brutal e eficaz que os partidos tradicionais da direita. O termo fascismo vem do italiano fascio, palavra derivada de fascis, que em latim significa feixe, fardo de varas. O fascis era usado pelos magistrados romanos para açoitar condenados por crimes. Benito Mussolini, líder da organização, usou o plural, fasci, para designar os grupos de combate do seu partido, os fasci di combattimento, que passaram a atacar sindicatos, jornais e comícios socialistas e comunistas.
Em meados de 1922, os fascistas já haviam assegurado o apoio de setores da pequena-burguesia, que temiam o avanço da esquerda. Em 27 de outubro, os militantes fascistas, chamados Camisas Negras, realizaram uma passeata, a Marcha sobre Roma. Nela, exigiam equilíbrio social, mas o pano de fundo era a tomada do poder. Este lhes foi entregue sem necessidade de confronto com as forças do aparelho do Estado. Pressionado pelos grupos que apoiavam o movimento, o rei Vitor Emanuel III demitiu o primeiro-ministro e convidou Mussolini para organizar um novo governo dentro das normas do sistema parlamentarista em vigor.

O Terceiro Reich

A crise da Alemanha no período entreguerras assemelhava-se à da Itália, com a agravante de que os alemães, derrotados no conflito, pagavam indenizações às potências vencedoras. A economia alemã estava totalmente desestruturada e a sociedade dava sinais de desespero diante do crescimento das lutas sociais e do desemprego. Além disso, o orgulho nacional estava ferido, tanto pela derrota militar como pelas cláusulas do Tratado de Versalhes.
Essa situação gerou duas propostas antagônicas , que se diziam capazes de solucionar a crise alemã. De um lado, a esquerda, representada pelo Partido Social-Democrata e pelo Partido Comunista Alemão, e do outro, a extrema-direita, representada principalmente pelo Partido Nazista (o termo nazismo é a forma abreviada da palavra composta National-Sozialistischered, Deutsche Arbeiterpartei, Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) .
Tal como acontecera na Itália, o grande capital e a pequena burguesia, temerosos do avanço da esquerda, optaram pelo apoio aos nazistas, liderados por Adolf Hitler.
Entre 1933 e 1939, o Estado alemão adotou uma política expansionista, militarista, racista e nacionalista exacerbada. Essas diretrizes acabaram arrastando os alemães para uma nova guerra mundial.

Autoritarismo na Península Ibérica

Na Europa e em outras partes do mundo, o fascismo italiano e o nazismo alemão serviram de inspiração e modelo para movimentos políticos direitistas e para regimes autoritários, que não apenas reprimiram seus opositores, no melhor estilo de Mussolini e Hitler, como chegaram a estabelecer uma organização corporativa do Estado. Do final da década de 1920 até o final da década de 1930, regimes autoritários desse gênero, vistos como fascistas ou fascistizantes, lançaram raízes na Península Ibérica e só desapareceram em meados dos anos 1970.Em Portugal, essse regime recebeu o nome de salazarismo - alusão ao estadista português Antônio de Oliveira Salazar; na Espanha, ficou conhecido como franquismo, devido ao nome de seu líder, o general Francisco Franco.


O salazarismo em Portugal

A república portuguesa foi proclamada em 1910. Todavia, o novo regime não conseguiu solucionar sérios problemas de ordem socioeconômica, como o desemprego e a difícil situação dos trabalhadores urbanos e rurais. Isso contribuiu para o golpe militar de 1926, encerrou a experiência da República parlamentarista.

O franquismo na Espanha

Proclamada em 1931, a república espanhola enfrentou uma série de perturbações políticas. Até 1934, o poder esteve nas mãos da esquerda, que foi sucedida por um governo controlado pela direita.
As eleições de fevereiro de 1936 reconduziram ao poder a Frente Popular ( uma coligação formada por socialistas, grupos republicanos e comunistas ), graças às alianças de trabalhadores organizadas por todo o país. A vitória da esquerda provocou uma reação violenta, de caráter terrorista, dos grupos de direita e extrema-direita contra o governo eleito. Tornaram-se comuns os assassinatos de dirigentes da Frente Popular e de militares republicanos.


A militarização japonesa

A chamada Revolução Meiji, iniciada em 1868, marcou a entrada do Japão na corrida imperialista do século XIX. Para conquistar a supremacia na Ásia, as elites japonesas surgiram dois caminhos: o domínio econômico e o do expansionismo militar. O domínio econômico efetuou-se pela conquista de mercados; o expansionismo militar, por meio da tentativa de excluir os concorrentes na região.
O Japão, ao final dos anos 1930, apresentava-se ao mundo como uma nação forte e determinada a manter e ampliar sua hegemonia na Ásia - especialmente no que se referia aos territórios que ocupava na China. Seus dirigentes consideravam a URSS a grande rival em termos de hegemonia no Extremo Oriente. Assim, em 1936, o governo japonês assinou um pacto com a Alemanha, o Pacto Anti-Komintern, isto é, contra a URSS e o que ela representava: o comunismo. A composição do Eixo, uma das alianças políticas que se envolveu na Segunda Guerra Mundial, estava a caminho.

O impacto ideológico do fascismo na América

Fascistas, comunistas, socialistas e militantes das mais variadas correntes políticas apresentaram-se contra as democracias liberais, consideradas responsáveis pela desordem social e econômica que se manifestou após o crash de 1929. Esse fenômeno mundial - a busca do reordenamento de uma sociedade em crise - também se fez presente no continente americano. Foi nessa conjuntura que surgiu o ideário fascista na América.

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